Ena pá, roda e tudo...

Dubai 1991

Tem sido amplamente divulgado acriticamente pelos media a nova geração de skyscrapers, da autoria de David Fischer (?) e da Dynamic Architecture Group (?) edifícios a construir no Dubai, com 400 metros de altura em que os pisos (conceptualmente) giram em torno de um eixo central, gerador da imagem exterior do edifício, aleatória ou programada consoante os interesses "visionários" e ecológicos (aparentemente) do projectista... hum, pois...se alguem me conseguir explicar como se constrói um edificio dessa dimensão de forma verde dou-lhe um beijinho (parecendo-me energéticamente irrelevante as turbinas a vento na equação).

É este o momento para todas as loucuras, com os países produtores de petróleo e de qualidade democrática inversamente proporcional às receitas, a competirem pelo maior Falo/Torre de Babel, ícones do novo-riquismo tolo que só mentes cegas pelo ouro negro (unico sustento e convêm relembrar, finito) conseguiriam imaginar; no entanto parece-me ser esta pretensão interessante do ponto de vista experimental pois haverá sempre algum tipo de ensinamento a tirar que ajudará a definir melhor o futuro, seja este o caminho ou não.

Uma cidade não se torna grande apenas por ter altos edifícios, as grandes cidades são obrigatoriamente resultado de uma ocupação sustentada e comungada, não nascem do nada como estas cidades-falo, playgrounds de xeques-mimados e de sociedades sem povo, a antítese de tudo o que deveria ser.

Rodem os edificios ou não, o deserto será sempre o deserto, inshalá eu me engane.